A Missão Oblata, atualmente é desenvolvida em  15 países ao redor do mundo. Cada País tem sua maneira de colocar em prática o carisma Oblata de ser presença Redentora junto a mulher em contexto de prostituição ou vítima de tráfico para fim de exploração sexual. Em Angola, o Projeto Oblata Renascer desenvolve um trabalho profético junto às mulheres. Irmã Evelyn Caroline escreve sobre a realidade.

Ir. Evelyn Caroline na comunidade

Pensar e falar da Missão Oblata é sem dúvida alguma nos comprometer com a vida; com a dignidade; com a humanidade; sendo presença ativa de transformação e anúncio do Reino. Somente quem reconhece a compaixão é capaz de acolher a missão Oblata e encarna-la na construção do Reino no hoje da vida humana.

Em terras de Angola vamos experimentando o desafio que é anunciar, denunciar e colaborar na construção de mais oportunidades de vida na vida de cada uma das mulheres que conosco caminham.

Os desafios que encontramos e nos deparamos diariamente são inúmeros: falta de saneamento básico em praticamente todos os bairros da cidade; o não acesso a água potável e energia; a precariedade das escolas públicas; a falta de assistência básica de saúde; o analfabetismo elevado sobretudo das mulheres; a prostituição como um meio de sobrevivência.

Prostituição, pobreza e sobrevivência

O fenômeno da prostituição existente em Angola está evidente no sector mais empobrecido da sociedade, trata-se da prostituição que podemos denominar de “SOBREVIVÊNCIA”, as mulheres em situação de prostituição encontram-se muito limitadas nas alternativas que tem ao seu alcance para realizar qualquer outra atividade que lhe proporcione uma renda que seja possível manter-se.

O grande número de pessoas com tuberculose, DST e HIV é assustador as estatísticas realizadas pelo governo local não contemplam a realidade na sua totalidade. Frente a este contexto as mulheres que estão em situação de prostituição sofrem extrema violência por parte da sociedade uma vez que são vistas como as propagadoras das doenças, as mulheres tornam-se o alvo perfeito das acusações da mesma, sendo por outra parte, as primeiras afetadas e a morrer sem que ninguém se ocupe desta situação.

A “CEGUEIRA” E A “APATIA” DAS INSTÂNCIAS PÚBLICAS É VISÍVEL E REAL. VEMOS, SENTIMOS E CONSTATAMOS DIARIAMENTE QUE OS DIREITO MÍNIMOS, BÁSICOS, SÃO PRIVADOS DA POPULAÇÃO SOBRETUDO PARA AS MULHERES MAIS VULNERÁVEIS.

Abrir os olhos para as injustiças sociais a desatar as amarras do preconceito

É em meio a este cenário real que nós Mulheres chamadas e convocadas a missão Oblata vamos pouco a pouco nos comprometendo com a vida das Mulheres que nestas terras lutam e vivem.

Buscamos ser verdadeiramente presença atuante de uma REDENÇÃO que nos ajude a abrir os olhos para as injustiças sociais a desatar as amarras do preconceito, da discriminação, do juízo moral, da indiferença e sobretudo nos ajude e nos liberte de toda a passividade frente a qualquer tipo de violência e discriminação social.

O desafio que se apresenta em nosso caminhar nesta realidade é grande. Nossa tarefa e compromisso está em trabalhar com as Mulheres que estão em situação de prostituição, lutando juntas para viver em uma sociedade livres de marginalização, humilhação, violência e sobretudo a exploração econômica.

Juntas vamos lutando e sensibilizado a sociedade, revendo conceitos e preconceitos, abandonando construtos morais e criando novos paradigmas que promovam a resistência e autonomia das mulheres. Assumimos este caminho e desafio com coragem e ousadia porque não estamos sozinhas, caminhamos com as mulheres, são elas que nos ensinam e mostram o caminho: O REINO.