Por Ir. Priscilla Fernandes – Oblata do Santíssimo Redentor

No dia 14 de fevereiro, aconteceu o IV Congresso Latino-americano e Caribenho de Novas Gerações da Vida Religiosa Consagrada, com o tema: “Gretas e consistências das Novas Gerações”.

O encontro era para acontecer presencialmente no México, mas devido ao contexto de pandemia mundial, foi realizado virtualmente, porque “já é a hora”, como nos diz o horizonte inspirador da CLAR – Conferência Latino-americana de Religiosas – “Fazei tudo o que Ele vos disser! Já é a hora”.

O encontro foi marcado por mais de 500 conexões, com a participação das “Novas Gerações”, religiosas e religiosos jovens, de distintos países pertencentes à CLAR.  Foi um momento de encontros e reencontros, mas também de aprofundar nas gretas da Vida Religiosa Consagrada jovem.

Em princípio, uma palavra do tema me chamou muito atenção: “gretas”, palavra esta que não vinha só, mas acompanhada da “consistência”, outra palavra que me fez parar e pensar no que íamos trabalhar nessa jornada. E foi assim, que em duas horas de encontro fomos navegando nas gretas e consistências das novas gerações. E nesse pequeno texto irei compartilhar algumas expressões que me chamaram atenção, que estou deixando cair no coração, rezando e refletindo.

A INTERGENERACIONALIDADE é uma greta ou uma consistência?

Esta foi uma das perguntas da qual me fiz depois da primeira exposição. Normalmente escutamos que um dos conflitos da Vida Religiosa Consagrada (VRC) são os conflitos entre gerações. Particularmente, eu sempre duvidei desta afirmativa, e a experiência do Congresso me ofereceu ferramentas para contrapor esta afirmação.

E assim que os conflitos, ou gretas para ser fiel ao tema do encontro, estão além das idades ou gerações, mas sim entre “paradigmas e estilos de vida”. Cada ser humano é um mundo em particular, somos subjetivos e vemos o mundo através de nossos olhos, vemos o mundo através de nossa subjetividade, conceitos e paradigmas. E esta é uma greta muito importante e da qual fazem surgem as maiores tensões.

Para sanar estas tensões, segundo nossa primeira conferência, precisamos buscar lugares do encontro, precisamos de comunidades serenas, onde possamos cultivar o cuidado, o afeto, a relação. Precisamos amar a vida fraterna e propiciar a cultura do encontro entre os diversos paradigmas existentes.

Precisamos ser autônomas/os, independente de idade e etapa formativa: “a autonomia é sinal de profecia”. Precisamos gerar comunidades que gerem “transitoriedade de vida e funções”. Precisamos encontrar o que nos ajuda a fazer comunhão.

Pegando como link esta última frase, o outro ponto que me chamou atenção: “A TAREFA DO MÚTUO ACOMPANHAMENTO”, pois somos responsáveis por nossa própria vocação sim, mas também pela vocação da minha irmã. Acompanhar exige que saiamos de nós mesmas, exige compreender a outra do lugar de onde ela fala, sem interpretações ou julgamentos; exige escuta, diálogo; exige-nos “gastar tempo com minha irmã”, compreender sua história de vida. O acompanhamento é a chave que abre muitas portas, porque exige de todas por igual, nos colocar a caminho como os discípulos de Emaús. 

A Cultura Digital pode ser uma cultura do encontro?

Ao falar de gretas e consistências, não podemos deixar de falar da CULTURA DIGITAL. A Cultura Digital pode ser uma cultura do encontro? E aí está uma temática que não envolve somente as novas gerações da VRC, mas todas as etapas da vida. Porque o virtual já deixou há muito tempo de ser somente das novas gerações e já invadiu nossas comunidades. E tudo depende do uso que fazemos da tecnologia, depende de cada um/a. Posso usar as redes sociais para evangelizar, para doar meu tempo a outra, para ir ao encontro das pessoas ou também para alimentar meu narcisismo (quantos likes ou curtidas tive em tal postagem?). 

Devemos nos perguntar se nossas redes sociais estão sendo canais de testemunhos ou de contra testemunhos e incoerências. O que realmente queremos mostrar com as postagens que fazemos? Estamos nos cuidando e cuidando da outra? Tudo vai depender de nossa maturidade humana, psicológica e espiritual. O que realmente buscamos?

E por fim, termino esta partilha com uma frase que me encantou:

”QUE POSSAMOS FAZER DO NOSSO COTIDIANO UM LUGAR TEOLÓGICO”, um lugar de encontro com Deus, comigo e com minha irmã. Somos chamadas a gerar vida, onde a realidade só se transforma a partir de nosso ser. Precisamos gerar “comunidades capazes de gerar vidas felizes, com relações autênticas e sinceras”, porque já é a hora. 

VAMOS EMBARCAR JUNTAS NESTA JORNADA?!

Ir. Priscilla Fernandes – Oblata do Santíssimo Redentor